A oxidação lipídica é um dos principais fatores de deterioração em produtos
fritos, impactando sua estabilidade sensorial e nutricional. Este estudo teve como
objetivo avaliar a oxidação lipídica de canudinhos fritos elaborados com
diferentes formulações de farinha de trigo (com ou sem ferro) e com
aproveitamento de resíduos industriais, durante 150 dias de armazenamento.
Foram analisadas quatro formulações: (A) farinha com ferro, sem resíduo
industrial; (B) farinha com ferro + 8% de resíduo industrial; (C) farinha sem ferro,
sem resíduo industrial; e (D) farinha sem ferro + 8% de resíduo industrial.
Determinaram-se os teores de umidade, índice de peróxidos e substâncias
reativas ao ácido 2-tiobarbitúrico (TBARS). Houve aumento significativo da
umidade ao longo do tempo em todas as amostras, com maiores valores
observados nas formulações contendo ferro. O índice de peróxidos manteve-se
baixo em todas as condições, sem diferenças significativas entre as formulações
nos tempos avaliados. Na análise de TBARS, a amostra A apresentou aumento
significativo durante o armazenamento, enquanto a amostra B se manteve
estável. As amostras sem ferro (C e D) apresentaram menores níveis finais de
oxidação secundária, sugerindo maior estabilidade lipídica. Embora o ferro seja
exigido por legislação brasileira (RDC nº 604/2022) para o enriquecimento da
farinha de trigo e reconhecido na literatura como potencial catalisador de reações
oxidativas, os resultados deste estudo indicam que sua presença, isoladamente,
não foi determinante para a intensificação da oxidação lipídica. A composição da
formulação e o reaproveitamento de resíduos também se mostraram fatores
relevantes. Este estudo fornece subsídios para o desenvolvimento de produtos
fritos mais estáveis, com foco na conservação da qualidade durante o
armazenamento.