A presente pesquisa de Mestrado problematizou o modo como os estudantes com TEA vêm sendo integrados no contexto do Novo Ensino Médio, com especial atenção à participação e às experiências vivenciadas nos Itinerários Formativos. A pesquisa parte da inquietação sobre como os discursos de inclusão se articulam, na prática, às vivências escolares desses estudantes. Inscrita no campo das metodologias pós-críticas, a investigação inspira-se nos estudos de Michel Foucault e fundamenta-se em uma bricolagem metodológica com aportes da etnografia. Os procedimentos envolveram entrevistas com cinco estudantes diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista e observação participante em uma escola pública estadual no município de Torres, no Rio Grande do Sul. Os resultados apontam que, apesar das diretrizes legais e das promessas de protagonismo juvenil, esses estudantes vivenciam processos de silenciamento e marginalização curricular, sendo frequentemente invisibilizados nos espaços escolares, sobretudo nos Itinerários Formativos. As falas e a observação realizada evidenciam que tais práticas pedagógicas estão inseridas na lógica da fabricação do (des)conhecimento. Tal lógica se manifesta por meio da seleção e da exclusão de objetos de estudo, da validação somente de saberes ajustados à lógica das habilidades e competências mensuráveis, bem como através da normatização de condutas e pensamentos. Esse processo deslegitima conhecimentos singulares, apaga histórias e invalida experiências, contribuindo para a reprodução de uma lógica de exclusão mediada pelo currículo. A pesquisa aponta para a urgência de uma escuta sensível e do deslocamento das verdades escolares hegemônicas, em favor de uma inclusão que reconheça as diferenças como potência. Como produto educacional, foi desenvolvido um website formativo voltado a educadores com o propósito de promover reflexões críticas sobre currículo, normalização e inclusão no contexto do Novo Ensino Médio.