Esta dissertação tem por objetivo compreender como os discursos sobre a matemática, sustentados por regimes de verdade e articulados às práticas de governamentalidade, produzem modos de subjetivação de estudantes na Educação Básica. Especificamente, busca: (a) analisar os discursos de egressos acerca de suas experiências com a matemática; (b) identificar enunciados escolares que funcionam como tecnologias de governamento, regulando afetos e condutas; (c) compreender o papel da matemática como saber legítimo na produção de subjetividades; e (d) desenvolver um produto educacional voltado à formação docente, promovendo práticas dialógicas e inclusivas. A pesquisa, de base foucaultiana, problematiza as práticas discursivas que atravessam o ensino da matemática, entendendo-o como tecnologia de governamento e exclusão. O referencial teórico apoia-se em Michel Foucault (1979–2003b) e autores como Rochele da Silva Santaiana (2015), Patrícia Anflor (2024), Rosa Maria Bueno Fischer (2012), Delci Heinle Klein (2017) e Fernanda Wanderer (2007). O material empírico foi produzido em grupo focal com egressos da Educação Básica, cujas falas foram analisadas sob inspiração foucaultiana. Os achados indicam que a matemática escolar atua como instrumento de classificação e exclusão; a vergonha emerge como tecnologia de governamento; e o professor ocupa posição ambígua entre normalização e resistência. Como desdobramento, elaborou-se um podcast formativo destinado à reflexão docente sobre os regimes de verdade que sustentam o ensino da matemática.